lazlo-toth

O cavalete e o canteiro. Sobre o livro de Sérgio Ferro, Artes plásticas e trabalho livre (2015)

por Gustavo Motta

A natureza geral do processo de trabalho não se altera, naturalmente, por executá-lo o trabalhador para o capitalista, em vez de para si mesmo. Mas também o modo específico de fazer botas ou de fiar não pode alterar-se de início pela intromissão do capitalista. Ele tem de tomar a força de trabalho [bem como os meios de produção], de início, como a encontra no mercado e, portanto, também seu trabalho da maneira como se originou em um período em que ainda não havia capitalistas. A transformação do próprio modo de produção mediante a subordinação do trabalho ao capital só pode ocorrer mais tarde […].
Karl Marx, O capital, 1863

written by Bob Haney and illustrated by Jack Abel[6] in Star Spangled War Stories #102 (Apr._May 1962)

A infância da arte: valor sem trabalho/trabalho sem valor?

por Guilherme Leite Cunha e Gustavo Motta

Tal qual o martelo, um sapato ou um fuzil, as obras de arte, desde que passaram a existir, invariavelmente possuíram uma utilidade. São objetos externos, coisas, as quais por suas propriedades satisfazem necessidades humanas de qualquer espécie (se essas necessidades “se originam do estômago ou da fantasia, não altera nada na coisa”). Objetos e coisas, portanto, que, de acordo com os variados costumes históricos e sociais, detiveram funções comuns, ainda que simbólicas – saciando o “apetite do espírito, tão natural quanto a fome para o corpo”. Contudo, suas funções originais se foram e hoje só permaneceram – obras de arte.

dazibao-2-30

O museu Hélio Oiticica. Defesa contra seus admiradores # 2

por Gustavo Motta
HÉLIO OITICICA – museu é o mundo. De maneira autorreferente, a instituição bancário-cultural reporta-se ao museu (que é de sua propriedade)… mas também ao mundo (que, por analogia, também lhe pertenceria). Seria necessário, então, inquirir – já fora do ponto de vista bancário: de que museu se trata? Ou, antes: que mundo? Enunciado em capitais: HÉLIO OITICICA. O nome do artista atua como legenda.

1966 - Cara de Cavalo assassinado, Jornal do Brasil, 1964

O Museu Hélio Oiticica. Um mausoléu admirável #1

por Gustavo Motta
“A crise da crítica é apenas uma das manifestações da geral e profunda crise da sociedade. Há um pseudo-consenso generalizado. A palavra revolucionário se tornou um slogan publicitário – como as palavras criação e imaginação. Alguns anos atrás isso se chamava cooptação. Os críticos têm traído seu papel crítico. E há uma grande cumplicidade por parte do público, que está longe de ser inocente neste caso.”