written by Bob Haney and illustrated by Jack Abel[6] in Star Spangled War Stories #102 (Apr._May 1962)

A infância da arte: valor sem trabalho/trabalho sem valor?

por Guilherme Leite Cunha e Gustavo Motta

Tal qual o martelo, um sapato ou um fuzil, as obras de arte, desde que passaram a existir, invariavelmente possuíram uma utilidade. São objetos externos, coisas, as quais por suas propriedades satisfazem necessidades humanas de qualquer espécie (se essas necessidades “se originam do estômago ou da fantasia, não altera nada na coisa”). Objetos e coisas, portanto, que, de acordo com os variados costumes históricos e sociais, detiveram funções comuns, ainda que simbólicas – saciando o “apetite do espírito, tão natural quanto a fome para o corpo”. Contudo, suas funções originais se foram e hoje só permaneceram – obras de arte.

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Arte contemporânea: sobre a implantação do sistema de (valorização do) valor

por Guilherme Leite Cunha

No mundo criado pelo capitalismo financeiro, as obras de arte se transformaram em uma mercadoria exemplar. Com isso, a mercadoria arte é, por assim dizer, uma tábula-rasa para a produção de valor, onde quer que ela esteja e por quem quer que ela seja emitida (pois não há necessariamente um objeto material a ser fabricado). Uma vez que essa mercadoria não coloca objeções de uso, sua realidade dependerá exclusivamente do constructo simbólico fetichizado criado sobre ela. Diante da lógica do marketing pós-moderno, que tem por trabalho criar significados sociais para produtos, a arte contemporânea se configura como paradigma – de valor que se valoriza de modo fictício, dispensando exemplarmente a categoria do trabalho. (…)

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Medio, Monitoro, Valorizo

por Guilherme Leite Cunha
De uma cena de Godard partiria uma pergunta. De um ruído dissonante de Varèse, talvez uma sugestão. E de uma improvisação de um bailarino da Judson Church surgiria, alinhado a uma contextualização, a instigação de possíveis sentimentos – tudo de acordo com as atuais diretrizes arte/educativas: deve se provocar, questionar, suscitar a reflexão, contextualizar um pouco… Mas sem explicar, deve-se encontrar um certo “estar entre”. Talvez pareça (ainda) inconcebível imaginar a existência de um profissional que durante um filme ou uma peça musical discutiria conosco o impacto artístico provocado, contudo, se tratarmos de obras visuais, isso já se localiza no terreno da normalidade. Hélio, Lygia, Tunga, hoje em dia, todos se expõe acompanhados. Os artistas mais novos, os “contemporâneos”, não se imaginam sem eles: o proletariado do setor educativo.