A Arte da Guerra
por Eyal Weizman
O ataque conduzido por unidades das Forças de Defesa Israelenses (em inglês Israeli Defence Forces, ou IDF) na cidade de Nablus em abril de 2002 foi descrito por seu comandante, Brigadeiro-General Aviv Kokhavi como “geometria inversa”, que ele explicou se tratar de uma “reorganização da sintaxe urbana por meio de uma série de ações micro-táticas”. Durante a batalha soldados moveram-se dentro da cidade através de centenas de metros de “túneis sobre-terraneos” cavados dentro de estruturas urbanas densas e contíguas. Apesar de alguns milhares de soldados e guerrilheiros palestinos estarem manobrando simultaneamente na cidade, os israelenses estavam tão “saturados” na malha urbana que poucos poderiam ter sido vistos do ar. Além disso, eles não usaram nenhuma das ruas, vias, becos ou qualquer parte externa, escadaria ou janela da cidade, mas sim moveram-se horizontalmente através das paredes e verticalmente por buracos abertos nos tetos e pisos. Essa forma de movimento, descrita pelos militares como “infestação”, busca redefinir o dentro como fora, e interiores domésticos como passagens. A estratégia da IDF de “andar através das paredes” envolve a concepção da cidade não simplesmente como local, mas também meio da guerra — um meio flexível, quase líquido, que é sempre contingente e em fluxo.