Não comercializem Lênin! A crítica da LEF ao culto de Lênin
por Clara F. Figueiredo
Às vésperas do funeral de Lênin, em 26 de janeiro de 1924, numa sessão especial do Congresso dos Sovietes da União, “o tributo de Stalin distinguiu-se de seus colegas por uma nota fervorosa de dedicação e adoração, ainda pouco comum no vocabulário marxista ou bolchevique”. Lênin também foi tema de uma efusão de poemas, retratos e monumentos. Seu rosto foi estampado em jarros de porcelana, embalagens de doces e caixas de cigarro. Maiakovski, na época editor da revista LEF, publicou a seguinte denúncia: “Nós somos contra isso./ Nós concordamos com os trabalhadores da estrada de ferro de Kazan RR, que pediram a um artista que decorasse o salão Lênin de seu clube sem bustos e retratos de Lênin, dizendo: ‘nós não queremos ícones’.” Neste sentido, o projeto de clube dos trabalhadores de Rodchenko poderia ser lido não só como uma alternativa crítica ao culto de Lênin, mas como uma oposição aos rumos da arte e aos rumos da própria revolução após 1921.